sexta-feira, 19 de março de 2010

La Souris Deglinguée - S.T. [1981]

Puta merda, não consigo parar de ouvir esse disco. Durante muito tempo hesitei em ouvir essa banda, tinha sacado algumas coisas horríveis deles no YouTube, de quando eles viraram um pop metido a cabeça. Mas esse primeiro álbum é o mais puro "street-punk-rock-a-billy", com ótimas letras e pegada contagiante. Tipo, punk moleque, simples e sincero.

Em Paris no começo dos anos 80 o rockabilly estava em alta entre os jovens da periferia e a cultura de gangs estava no auge. Muitos skinheads nazi botavam quente nos "mestiços" que frequentavam a cena, e em oposição, vários anti-nazi (negros, árabes e red skins) formaram gangs como os Ducky Boys e, mais radicalmente, os Black Dragons, que eram negros lutadores de kung-fu que literalmente caçavam os boneheads pela Gare du Nord e Place de la République. Existem dois ótimos documentários a respeito dessa época: "Blackdragons" e "Antifa: chasseurs de skins". Recomendo!!!

Em meio a esse cenário, surge essa banda cujo nome surgiu da vontade dos caras de ter uma banda chamada LSD hahahahahahaha! Em português, La Souris Deglinguee seria algo como "o rato pirado". Melhor LSD mesmo. Esse primeiro álbum é bem "das ruas" as letras não são metidas a engraçadinhas, como tantas outras bandas pseudo-punk francesas, mas retratam o dia-a-dia dos jovens das ruas de Paris, árabes demais pra serem franceses, franceses demais pra voltar "chez le pays". Mensagens anti-nazi e alguns tapas na cara do establishment ("por acaso você sabe porque eu te odeio, porque luto sempre contra você? Procuro destruir seus preconceitos, procuro destruir sua suástica! Geração destruição, um pouco de vingança na sua pele branca" - Rock n' Roll Vengence) fazem desse disco obrigatório pra qualquer subversivo do mundo. Ainda mais por conseguirem unir boas letras com um bom rock n' roll, portanto, se você não entende francês e nem tem paciência pra traduzir as letras, vale pelo street rock sincero!

Coeur de Bouddha

Y parait que tu es un vrai Européen
Et que tes cousins sont Germains
Mais moi je m'en fous car c'est pas mon problème
De savoir qu'on est tous des bâtards

Bâtards Bâtards Bâtards Bâtards

Mais toi qui connais la race et l’histoire
Tu devrais savoir au moins ça
C'est pas les allemands qui l'ont inventée
La croix, la croix, la croix gammée

Bâtards Bâtards Bâtards Bâtards

Car à l'origine c'est le Coeur de Bouddha
C'est pas c'que tu crois ça ne t'appartient pas

Eh ! toi là-bas, dans la rue
Je crois bien qu'on s'est déjà vu
Rien qu'a voir la gueule que t'as
T'as tout l'air d'être comme nous

Alors descends avec nous
Au coeur de la capitale
Alors descends avec nous
Et rejoins les bâtards


Bâtards Bâtards Bâtards Bâtards

“Est ce qu'un bâtard ça a du coeur ? “
Me demande une Fausse blonde
Qu'est ce que j’pourrais lui répondre ?
Qu'on est mieux que tout monde

A vrai dire j'en sais rien
Mais au moins j'en suis sûr
Que dans une capitale
Y'a une place pour tout l'monde

Parce qu'on est des bâtards
on est fiers d'être bâtards
Plus on est de bâtards
Mieux c'est pour les bâtards


Coração de Buda

Parece que você é um verdadeiro europeu
E que seus primos são germânicos
Não tô nem aí pois não é meu problema
Saber que somos todos bastardos

Bastardos!

Mas você que conhece a raça e a história
Deveria ao menos saber disso
Não foram os alemães que inventaram
A suástica

Pois em sua origem é o coração de Buda
Não é o que você pensa, isso não te pertence

E você aí na rua
Acho que a gente já se viu
Só pela sua cara
Você tem jeito de ser como nós

Então desça com a gente
Ao coração da capital
Então desça com a gente
E se junte aos bastardos

Bastardos!!

"Um bastardo tem coração?"
Me pergunta uma falsa loira
O que eu posso responder?
Que somos melhores que todos?

Na verdade eu não sei de nada
mas ao menos tenho certeza
Que em uma capital
Tem lugar pra todo mundo

Porque nós somos bastardos
Temos orgulho de sermos bastardos
Quanto mais formos bastardos
Melhor será para os bastardos


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segunda-feira, 1 de março de 2010

V.A. - European Hardcore: the way it is [1996]

Ou poderia ser, the way it was. Esse som é do tempo em que estava muito popular o hardcore east coast e o west coast AMERICANOS, novaiorquino e californiano. Esse CD se resume basicamente a bandas nesses dois estilos, musicalmente falando. Nunca fui muito atrás das letras.

Ouvi esse CD pela primeira vez acho que em 1997, quando morava na França. Gravei do meu amigo Vincent. O preço de um CD novo por lá era o triplo do que a gente paga no Brasil, por razões que desconheço. Então, cd's como esse, os Cheap Shots da Burning Heart e os Punk-o-Rama da Epitaph eram bem populares por terem preços absurdamente acessíveis. Aí tinha esse selo alemão chamado Lost & Found, que sempre lançava umas bandas legais, e umas coletâneas interessantes, tipo, cd duplo promocional com umas 60 músicas! Hoje entendi como eles conseguiam isso: são referência em rip-off na Europa hahahahahaha! Bandas como Sick of it All, Ignite e tantas outras foram "engabeladas", como diz na minha terra. Ou "engalobadas", dependendo da região.

No geral, eles fizeram um bom trabalho de divulgação, pois algumas bandas são chatíssimas (principalmente as mais xarope) e nunca chegariam aos meus ouvidos se não fossem inclusas numa coletânea com outros sons foda. As bandas são quase todas alemãs, devendo ter algumas da Holanda. Na minha modesta opinião, os destaques desse disco: Rykers (sempre foda!), Brightside (novaiorquino alemão (???)), Crivits (Rotterdam Posse!), Skin of Tears (californiano alemão (???)). Mas impagável mesmo é um tal de Glocken der Revolution tocando um cover do clássico Polizei, SA, SS, do Slime, versão rapcore hehehehehehe Muito bom.

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